12.6.09

Preferem receber um e-mail de amor ou uma carta de amor? (2)

Para haver Gatos matámos o Herman. Para haver Contemporâneos estamos quase a matar os Gatos. Para haver Cristiano matámos o Figo. Só há lugar para um.
Agora é o digital. Vamos lá matar o analógico.
A geração nostálgica está a encarregar-se de o fazer. É estranho. Estranho porque foi a última que escreveu e recebeu cartas de amor, que comprou vinis, que gravou cassetes e as ouviu no walkman ou que se entusiasmou com o som inicial do Spectrum. Estranho porque a paixão com que os nostálgicos falam destas coisas consegue (quase!) deixar-me frustrado por não ser mais velho.
É mesmo estranho que agora no mundo dos nostálgicos só haja lugar para o Blackberry e a newsletter de gadgets do Jornal de Negócios.
É mesmo estranho porque em mim e noutros há uma vontade enorme de receber cartas de amor. Mesmo que logo a seguir twittemos a dizê-lo.

3 comentários:

  1. "our focus should not be on emerging technologies but on emerging cultural practices"
    — Henry Jenkis, MIT

    Não são as tecnologias mas sim os comportamentos que devem ser a nossa preocupação. E se o comportamentos mudaram, não culpem o digital. Juntem-se a ele.

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  2. [ adorei o teu último parágrafo... mesmo neste mundo onde as formas de comunicar se alteraram drasticamente no espaço de 10 anos há sempre lugar para uma carta de amor... e hás-de receber a tua. ]

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  3. O que define a nostalgia não são as tecnologias nem a forma de nos expressarmos, é o ponto comum de quem a retrata. Normalmente esse ponto comum é simplesmente a juventude.
    O nosso cérebro tem a capacidade, felizmente, de apagar os maus momentos de determinadas épocas. Sendo assim quando pensamos, por exemplo, no nosso tempo de liceu só nos lembramos do espectacular que eram, deixando para trás os momentos menos bons.
    Quanto às cartas de amor, acho que mesmo bom é ter alguém com quem as partilhar, sejam cartas, mails, conversas ou simplesmente olhares.

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